quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Salmo Cinco

Champlin


Quanto a informações gerais que se aplicam a todos os salmos, ver a intro­dução ao Salmo 4. Provi sete comentários que são úteis para a compreensão do livro de Salmos.
Este quinto salmo representa uma oração oferecida durante os sacrifícios matinais. Ver no Dicionário o detalhado artigo intitulado Sacrifícios e Ofertas. Ver também o verbete Sacrifício Vespertino, onde discuto os sacrifícios matinais e vespertinos. Ver o vs. 3. Esse versículo deixa claro que o cantar ou recitar de tais salmos estava incluído na adoração do templo de Jerusalém. O ministério da música era parte importante da adoração do antigo Israel. Sua introdução foi atribuída a Davi, que desenvolveu tanto hinos para serem cantados, como instru­mentos musicais a serem empregados para acompanhar os cânticos. Ver I Crô. 25, quanto às ordens de levitas apontados para o ministério da música sacra.
As orações de Davi, de manhã e à tarde, incorporavam apelos de livramento dos inimigos, o principal tema dos Salmos 3 e 4. Cinco estrofes incorporam as orações. Os bons têm de ser abençoados; os ímpios têm de ser destruídos. Devemos relembrar que os tempos eram de grande brutalidade, e sobreviver diariamente era uma preocu­pação constante. Davi tinha adversários dentro e fora do território de Israel. Ele conse­guiu derrotar oito inimigos de Israel (ver as notas em II Sam. 10.19), mas muitos inimigos pessoais, dentro do acampamento, levantaram-se para tomar seu lugar. A  verdadeira paz só ocorreu na época de Salomão. Portanto, suas orações, naturalmen­te, clamavam por segurança, bem como pela derrota de seus inimigos.
Classificações dos Salmos: Ver o gráfico no início do comentário do livro, que atua como uma espécie de introdução aos salmos. Dou ali dezessete classifica­ções, e listo os salmos que pertencem a cada uma delas.
Este é um salmo de lamentação, dos quais bá cerca de sessenta, dentre a coletânea de 150 hinos.
O subtítulo diz-nos que este salmo pertencia a Davi e era dirigido ao chefe do cântico. Quanto a informações sobre os subtítulos, ver o ponto sexto das informa­ções gerais sobre todos os salmos providos na introdução ao Salmo 4.0 significado do termo Neheioth, no subtítulo do Salmo 5, é controverso. Alguns estudiosos dizem que não estão em foco instrumentos musicais, afirmando que essa palavra significa herança, em referência ao caráter do salmo. Outros eruditos vêem vários tipos de instrumentos. Mas a Septuaginta retém a idéia de herança. Esse salmo deveria ser musicado em “favor daquele que obtiver a herança”. A Vulgata concorda com isso. De fato, nachal significa “herdar”. Israel obteve herança na Terra Santa, enquanto a nossa herança está em Cristo (ver Rom. 8.16,17). A nossa versão portuguesa da Bíblia, entretanto, dá flautas como o significado da palavra. Concordando com isso, John Gill (in loc.) afirmou que estão em vista instrumentos de sopro, em lugar de instrumentos de corda, as Neginoth (ver a introdução ao Salmo 4). Mas Gill adicio­nou que aquilo que está em foco “cabe a cada um conjectural.

5.1
Dá ouvidos, Senhor. Este salmo, como muitos outros, começa com um apelo urgente, e aqui o salmista se expressa por meio de gemidos. Cedo pela manhã, ele tinha de solicitar a proteção contra os ímpios que o assediavam. O salmista prostrou- se no templo, com o coração pesado e a mente perturbada. Ele orou na direção do Lugar Santo (vs. 7), o local da arca sagrada onde a presença de Deus se manifestava.
Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.
(Romanos 8.26)

5.2
Escuta, Rei meu e Deus meu. A oração era uma “petição de ajuda”, dirigida a Yahweh, Deus e Rei de Davi. Cf. Sal. 44.4; 68.24; 74.12 e 84.3. Davi voltou-se à “mais alta autoridade", porquanto precisava de uma intervenção divina em sua vida.
“Quando tenho poder para orar e pedir as coisas de que preciso, então, ó Senhor, dá ouvidos às minhas palavras. Mas a verdade é que não tenho poder para pleitear diante de Ti, e o temor apossa-se de meu coração. Portanto, o Senhor, considera os meus gemidod' (Jarchi).
Ele, Jesus, nos dias de sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu.
(Hebreus 5.7,8)
Davi foi o rei de Israel (ver I Reis 15.3), mas em sua aflição pleiteou diante do Rei dos reis, o Poder da corte celeste. Isso é correto, pois Nele vivemos e nos movemos, e temos o nosso ser (ver Atos 17.28).
5.3
De manhã, Senhor, ouves a minha voz. Davi começava seus dias com uma oração, um excelente hábito. Ele participava dos sacrifícios matinais, e aproveitava esse momento sagrado para enviar seu apelo à corte celeste. Ver no Dicionário o artigo chamado Sacrifício Vespertino, que presta informações sobre os sacrifícios matinais e vespertinos. Ver também o artigo geral denominado Sacrifícios e Ofertas. Além disso, ver o verbete chamado Orações. Homens espirituais têm experimenta­do o poder da oração. Verdadeiramente, em certas ocasiões, ocorrem grandes coisas através da oração. Deus intervém. Quando isso não acontece, devemos continuar orando. As circunstâncias podem mostrar-nos o caminho, mas algumas vezes precisamos de uma intervenção divina. “Se não nos for dada uma resposta imediata, que o coração do homem reto não suponha que sua oração não ienha sido ouvida. Pois a oração encontrou seu caminho até o trono da graça e ficou ali registrada” (Adam Clarke, in loc.). É conforme diz certo hino evangélico: "Acredito que a menor oração pode ser ouvida acima do temporal”.
“A oração é a oblação espiritual que o crente apresenta pela manhã, a primei­ra coisa que ele faz a cada dia. Esse era o costume dos hebreus. As duas outras
ocasiões em que se ofereciam orações eram ao meio-dia e no fim do dia (ver Sal.
” (Fausset, in loc.).
5.4
Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade. Homens iníquos planejavam contra a vida do rei; mas Deus sabia de tudo e não permitiría que algum evento inesperado ocorresse. Por sua vez, Davi sabia que só a interven­ção divina salvaria a sua vida, porquanto os inimigos eram muitos, brutais e estavam resolvidos a matar. Davi tinha a convicção instintiva de que um homem reto pode raciocinar com o Senhor, como faz com um amigo (cf. Gên. 18.23-33; Jó 13.17-28). Além disso, Deus odeia aqueles que realizam atos ímpios e des­truidores, e automaticamente estaria contra os adversários de Davi (vss. 5 e 6). Seu papel seria reduzi-los a nada (vs. 6). “As pessoas presunçosas e cheias de si, que não evitam nem o assassinato nem o engano, são odiadas e destruídas por Deus. Tais pessoas são inteiramente detestáveis a Deus” (Allen P. Ross, in loc.).
Seis palavras exprimem a natureza dos ímpios nesta passagem: arrogância; iniqüidade; insensatez; sanguinolência; engano; mentiras. O Todo-poderoso Deus é inimigo natural desses homens, dotados de tão nefastos atributos. Eles não podem habitar com Deus em Seu lugar santo, e não há paz para eles na terra, que é o estrado dos pés divinos. Mas Deus habita com os piedosos (ver Isa. 57.15).
5.5
Os arrogantes não permanecerão à tua vista. Das seis palavras usadas para caracterizar os pecadores, este versículo contém duas: eies são arrogantes e praticam a iniqüidade. Deus os destruirá, porquanto os odeia. Está em pauta a ira de Deus (ver no Dicionário). Ver Rom. 9.13. Ver também no Dicionário o artigo chamado Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura.
Semeai um hábito, e colhereis um caráter.
Semeai um caráter, e colhereis um destino.
Semeai um destino, e colhereis... Deus.
(Prol. Huston Smith)
"É um tolo e um louco aquele que perde o fôlego atrás de nenhum prêmio, em sua luta contra o Todo-poderoso. isso é o que fazem todos os ímpios. Portan­to, todo homem iníquo é um tolo e um louco” (Adam Clarke, in loc.).
Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação.
(Salmo 14.1)
5.6
Tu destróis os que proferem mentira. A ira de Deus destruirá prontamente os ímpios, embora, de acordo com a nossa maneira de computar o tempo, isso possa parecer muito demorado. Os mentirosos não sobreviverão aos açoites de Deus. Os sanguinolentos, que aleijam e matam, serão aleijados e mortos. Os enganadores não serão capazes de ocultar seu jogo pervertido. Antes, serão desmascarados e executados. Das seis palavras que descrevem os pecadores, este versículo contém três. Ver as notas no vs. 4 para uma lista dessas palavras. Homens ímpios e desarrazoados vão piorando cada vez mais. Eles acumulam atributos profanos e tornam-se culpados de inúmeros crimes.
Um estudo sobre a criminalidade nos Estados Unidos da América revelou que os chamados “ofensores primários”, quando são finaimente apanhados, já cometeram crimes suficientes para serem enviados à prisão por cem anos!
Vivem,
Pensam que vivem,
Embora não tenham conhecido a vida.
Fazem suposições,
Querem dominar tudo,
Mas esquecem de dar o primeiro passo Para o domínio do mundo interior.
Eu penso que um dia Todos se voltarão Para a própria alma.
Por enquanto não passam de estátuas,
Que querem ser colocadas no alto Para serem adoradas.
Pobre humanidade ausente!
(Maria Cristina Magalhães)
5.7
Porém eu, pela riqueza da tua misericórdia. Em violento contraste com os ímpios, estava Davi, que entrava humildemente no tabernáculo, a casa de Deus, inclinando a cabeça em súplica ao Poder supremo, para que fosse protegido de poderes malignos nas suas portas. Na casa de Deus, ele encontraria misericórdia em seu tempo de crise. Temendo a Deus, mas não ao homem, ele adoraria o Todo-poderoso, que controla todas as coisas com as próprias mãos, e cuja provi­dência era sua porção diária. Ver sobre a Providência de Deus no Dicionário. Davi não exaltou suas próprias virtudes, para contrastá-las com os maus atributos dos ímpios. Ele se gloriava em Deus, e não em si mesmo. Sua suficiência estava no Todo-poderoso. Davi vivia cheio com a suficiência de Deus.
Tal como os rios buscam um mar que não podem encher,
Mas eles mesmos são cheios no abraço do mesmo,
Absorvidos, em descanso, cada rio é regado,
Concede-nos essa graça.
(Cristiana G. Rossetti)
E me prostrarei. No hebraico original temos uma palavra que significa “ado­rar”, no sentido de “prostrar-se". Isso simboliza a atitude certa de um homem ao buscar a presença de Deus. Entrementes, os ímpios vangloriam-se como um bando de loucos e arrogantes.
5.8
Senhor, guia-me na tua justiça. Davi, homem assediado, ameaçado por inimigos poderosos, necessitava da liderança especial e protetora do Deus que dirige os destinos dos homens. Nisso residia a sua esperança, para que ele não morresse de forma estúpida e prematura, somente porque assim desejavam os ímpios. Deus teve de revelar a Davi como agir e viver, conservando seus inimi­gos à distância. Davi precisava da iluminação divina para saber o que deveria fazer.
O poeta podia agora voltar-se com toda a confiança para os seus inimigos. Ele tinha uma proteção que faria estancar todos os seus ataques. Seria capaz de evitar planos astutos e continuar a caminhar pelas veredas da justiça, em obedi­ência à lei (ver Sal. 1.2, quanto à natureza e ao uso da lei). Ele teria uma longa e próspera vida, enquanto Deus poria fim a seus adversários. Ele cumpriria a sua missão, mas a vida de seus inimigos seria cortada prematuramente.
Uma Metáfora. Podemos entender este versículo metaforicamente. O homem piedoso tem muitos inimigos, por dentro e por fora, que podem perturbar sua vida e tentar levá-lo por caminhos errôneos. “Davi era muito sensível ao fato de que o caminho do homem não está em si mesmo, e de que ele não era capaz de dirigir os próprios passos. Por conseguinte, desejava ser guiado pelo Senhor, conduzido pela mão direita de Deus, em retidão, e mantido em Seus caminhod' (John Gill, in loc.).
5.9
Pois não têm eles sinceridade nos seus lábios. Os ímpios são totalmen­te pragmáticos ao decidir o que é mais vantajoso para eles, desconsiderando qualquer padrão de verdade. Além disso, suas mentiras são propositadamente destruidoras: eles dizem mentiras para ferir e matar. São verdadeiros filhos do diabo, o pai dos mentirosos e assassinos (ver João 8.44). Note-se como esse versículo combina a mentira com o assassinato. Os pecadores “se professam amigos, mas tudo é oco e enganador” (Adam Clarke, in loc.). Até suas lisonjas são apenas meios de obter vantagens pessoais, procurando prejudicar seus semelhantes.
O coração deles promovem a destruição. Eles não têm escrúpulos e são traidores. Brutais e insensíveis, são desavergonhadamente depravados.
A sua garganta é sepulcro aberto. Na Palestina, os sepulcros eram feitos escavando-se um buraco na rocha ou no chão. Quando, por negligência, ficavam descobertos, podiam causar morte ou ferimentos aos que se aproximassem sem saber de sua existência. No Antigo Testamento, não são poucas as referências aos efeitos mortíferos da calúnia, do falso testemunho e da mentira. Cf. Sal. 7.4; 52.2; 64.3; Pro. 18.21 e Jer. 9.8. A garganta aparece aqui como o instrumento da fala que se torna como um sepulcro devorador, a consumir suas vítimas. Paulo cita essa parte do versículo em Rom. 3.13, onde as palavras são associadas a mentiras destruidoras e venenosas.
Senhor, disse eu:
Jamais eu podería matar um meu semelhante;
Crime de tal grandeza cabe a um selvagem somente,
É o crescimento venenoso de mente maligna,
Ato alienado do mais indigno.
Senhor, disse eu:
Jamais eu podería matar um meu semelhante;
Um ato horrível de raiva sem misericórdia,
Punhalada irreversível de inclinações perversas,
Ato não imaginável de plano ímpio.
Disse o Senhor a mim:
Uma palavra sem afeto, lançada contra vítima que odeias,
É um dardo abrindo feridas de dores cruéis,
Bisbilhotice corta o homem pelas costas,
Um ato covarde que não podes retirar.
Ódio no teu coração, ou inveja levantando sua horrível cabeça,
é um desejo secreto de ver alguém morto.
(Russell Champlin)
Com a língua lisonjeiam. Ver a expressão em Sal. 12.1, onde há notas expositivas sobre os “lábios suaves” dos Ímpios. Literalmente, seus lábios eram “suaves".
5.10
Declara-os culpados, ó Deus. Os homens cortam-se e queimam-se e promo­vem violência uns contra os outros de tal modo que precisam pagar por seus crimes, por serem, eles mesmos, vítimas da violência, mas violência da parte do Senhor, que julga os seres humanos. Davi pediu ao Senhor que seus opressores não conseguissem escapar com seus crimes, enquanto o olho divino não estivesse olhando para eles. Os Ímpios precisam “carregar a própria culpa”, isto é, receber o que merecem, tal como a lex talionis (ver a respeito no Dicionário). Ver também no Dicionário o artigo chamado Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura.
Aqueles que preparavam armadilhas para outros (tomando conselho con­tra eles) haveriam de cair no laço, tanto o laço armado por eles mesmos, como outros armados por outras pessoas. Seriam apanhados de surpresa e terminariam vítimas do ódio e da violência. Esses tinham enchido a taça da iniqüidade, e sua queda ocorrería em breve. Ver as notas expositivas em Gên. 15.16.
Os chamados salmos imprecatórios enfatizam a lei da colheita segundo a semeadura, impondo essa colheita em termos semelhantes e, algumas vezes, impondo os mesmos modos de sofrimento. O pacto abraâmico (ver as notas expositivas em Gên. 15.18) envolvia maldição da parte de não-participantes. Mas o clamor de ímprecação não é apropriado para o crente do Novo Testamento. Ver Romanos 12.19, que diz:
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar á ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.
Jesus recomendou que amássemos nossos “inimigos” (ver Mat. 5.44), mas quem conseguiu amar os próprios inimigos senão o Senhor Jesus?
Ver outros exemplos de imprecações nos Salmos 35, 59 e 109.
5.11
Mas regozijem-se todos os que confiam em ti. Regozijar-se com gritos de alegria é característica daqueles que confiam em Deus. Ver Sal. 2.12, quanto a notas sobre o significado dessa confiança. Os santos que se regozi­jam estabelecem violento contraste com o mal que espera pelos ímpios. Parte da alegria do homem bom ocorre porque Deus julgou os seus opressores. Essa é uma boa doutrina veterotestamentária, embora não seja tão boa à luz do Novo Testamento. Seja como for, a vindicação dos justos é algo bom em si mesmo, tanto quanto uma razão para os justos agradecerem a Deus. “A vindicação do salmista seria uma nova demonstração da bondade de Deus a Seus servos fiéis, visto que a força da fé apóia-se no fato de que Deus abençoa os justos e os defende ‘como se fosse um escudo’” (William R. Taylor, in loc.).
Folguem de júbilo para sempre. A Revised Standard Version mostra-se correta aqui na tradução, embora a maior parte das versões não mencione o ato de “cantar”. Mas esse ato é referido por mais de setenta vezes no livro de Salmos. Trata-se de uma maneira natural de expressar alegria. Este versículo é a primeira referência ao ato de cantar no livro de Salmos.
Em ti. O nome do Senhor é mencionado nada menos de cem vezes nos Salmos. A palavra “nome” refere-se à pessoa do Senhor, ao Seu caráter intrínse­co e aos Seus atributos externos, revelados à humanidade. Precisamos amar o Ser divino, bem como as realidades divinas.
Os que amam o teu nome. As pessoas realmente piedosas amam o nome de Deus, mas homens menores não experimentam esse estado ou emoção. Guardar a lei (ver Sal. 1.2) ou nela deleitar-se é a maneira veterotestamentária de amar a Deus, o Doador da lei. Ver notas expositivas em Sal. 1.2.
Os homens ímpios amam vãs palavras e atos de violência e depravação e também muitos vícios (ver o artigo no Dicionário). O amor a Deus consiste em guardar os Seus mandamentos (ver I João 5.3), e o indivíduo realmente nascido de Deus ama as outras pessoas (ver I João 4.7) e, através delas, ama a Deus. Alguns místicos elevam-se em êxtase ao lugar onde podem louvar diretamente a Deus, mas essa experiência é estranha à maioria dos homens. Alguns cristãos, entretanto, conseguem amar a Jesus, o Cristo, e isso também é amor a Deus. Ver no Dicionário o artigo geral intitulado Amor.
Eu tencionava chegar até Deus E para Deus eu me apressei deveras;
Pois no seio de Deus, meu próprio lar,
Chegaram multidões em glória ofuscante,
E por fim fiz ali descansar o eu espírito.
(Johannas Agrícola)
5.12
Pois tu, Senhor, abençoas o justo. Parte da bênção geral dos justos con­siste em contarem eles com a proteção de Deus.
Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome.
(Salmo 91.14)
Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos.
(Salmo 91.11)
Como escudo. No hebraico temos a palavra tsinnah, escudo grande e longo, apropriado para o uso por parte de uma pessoa de estatura gigantesca (I Sam. 17.7,14). Esse escudo visava proteger o corpo inteiro do soldado, pelo que é devidamente referido como símbolo da completa proteção ofereci­da aos homens bons. Lutero, quando enfrentava tríbulações em Augsburgo, onde recebia a proteção de seu patrono, o eleitor da Saxônia, ao ser indaga­do sobre quem o protegeria se o eleitor o abandonasse, replicou: "O escudo do céu".
Tende bom ânimo. Sou eu. Não temais!
(Mateus 14.27)
Este versículo deve ser comparado a Sal. 3.3, onde a imagem do escudo também é empregada. Ver Efé. 6.12 ss., especialmente o vs. 16, onde o escudo simboliza a fé, capaz de deter todos os dardos inflamados do maligno. Cf. também Zac. 3.17 e Rom. 8.38,39. A vida cristã é comparada a uma guerra, e os inimigos são entidades espirituais do mal, e não meramente tiranos físicos.

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