quarta-feira, 15 de maio de 2019

LEITURA 5 • PARTINDO PARA CANAÃ

LEITURA 5
• PARTINDO PARA CANAÃ
Gênesis 12—14
“Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito” (Gn 12.4).
O foco do livro de Gênesis agora se desvia, da raça como um todo, para um único homem, Abraão. O restante do Antigo Testamento fala sobre Abraão e seus descendentes. Abraão é, ao mesmo tempo, uma figura histórica c um exemplo. Nós devemos ver, na sua resposta de fé a Deus, a chave para um relacionamento pessoal com o Senhor, o qual todos somos convidados a vivenciar em Jesus. Õ exame à vida de Abraão nos dá ideias que podem transformar a nossa própria caminhada com Deus.
Visão Geral
Seis promessas foram feitas a Abraão, e então ele viajou para Canaã (12.1-9). As suas primeiras aventuras revelaram tanto a fraqueza pessoal de Abraão (w. 10-20) quanto os seus grandes pontos fortes de caráter e fé (13.1—14.24).
Entendendo o Texto
“Farei” (Gn 12.1—3,7). O tema da promessa de graça continua quando Deus disse a Abraão o que Ele iria fazer. Aqui não há sugestão de condições. Abraão tinha demonstrado a sua fé, obedecendo ao mandamento de Deus, de deixar a sua terra natal (12.1). Agora, Deus estava livre para derramar dádivas incondicionais sobre o seu servo.
Algumas das seis promessas a Abraão foram mantidas. Outras teriam consequências que se estenderiam ao futuro. As seis promessas são:
Far-te-ei uma grande nação (12.2).
Abraão foi o pai dos grandes povos hebreu e árabe.
Abençoar-te-ei
(12.2).
Engrandecerei o teu nome (12.2).
Tu serás uma bênção (12.2).
E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem (12.3).
A tua semente darei esta terra (12.7).
Abraão teve uma vida plena e rica.
Judeus, cristãos e muçulmanos honram Abraão como o fundador de sua fé.
As Escrituras e o Salvador vieram através de Abraão.
Nações se ergueram e caíram, de acordo com o tratamento que dispensaram ao povo judeu.
Esta promessa é considerada como o título de propriedade de Israel aos judeus.
Assim como Deus assumiu grandes compromissos com Abraão, também assume compromissos com todos os que demonstrem a confiança de Abraão no Senhor.
Ur dos caldeus (Gn 11.28). Escavações em Ur revelam que Abraão decidiu deixar uma cidade próspera, então no ápice de seu poder e influência. Esculturas de ouro e harpas incrustadas refletem a cultura de Ur. As fortes muralhas da cidade e seus edifícios públicos refletem o seu poder. Registros de transações comerciais revelam a sua prosperidade. Não devemos supor que Abrão era um pobre peregrino que vivia em uma tenda quando ouviu a voz de Deus. Ele era um homem rico, e vivia em uma cidade com praticamente todas as condições sanitárias modernas e com casas construídas para refrescar o ar quente do verão.
No entanto, o texto diz, “Assim, partiu Abrão” (12.4).
Ele não sabia para onde estava indo. Mas mesmo aos 75 anos de idade, Abrão estava disposto a ir para a terra a qual Deus disse, “Eu te mostrarei” (v. 1).
De certa forma, o nosso relacionamento com Deus segue este mesmo padrão. Deus nos convida a abandonarmos a nossa preocupação com o que o mundo aprecia, e que partamos em uma jornada pessoal de fé. O nosso guia, nesta jornada, é a própria Palavra de Deus. O que nos sustenta é a convicção de que, cada dia, Deus nos mostrará o nosso próximo passo. Como Abrão, os cristãos que consideram a vida
como uma jornada de fé jamais podem se estabelecer nem chamar as cidades da terra de “lar”. Nas palavras de Hebreus 11.16, nós “desejamos uma [pátria] melhor, isto é, a celestial”. Nós sabemos que Deus nos “preparou uma cidade”, e que a cidade celestial é nosso verdadeiro e único lar.
“Desceu Abrão ao Egito” (Gn 12.10). Deus tinha levado Abrão a Canaã. Mas quando uma fome atingiu aquela terra, Abrão foi ao Egito para viver. Aqui, não há sugestão de orientação divina. O que nós percebemos é o medo de Abrão e a sua dúvida, à medida que a seca em Canaã ficava cada vez mais grave.
Nós precisamos nos lembrar de que as dificuldades não nos liberam da obediência. As vezes, Deus quer que nós permaneçamos onde estamos, e confiemos nEle, ainda que seja nas épocas secas de nossas vidas. Nós precisamos de uma palavra direta de Deus, mais do que as circunstâncias podem nos proporcionar, para nos mostrar a sua vontade.
“Dize que és minha irmã” (Gn 12.11-20). Abrão tinha fé. Mas, como todos nós, Abrão também errou, pelo pecado. Na fronteira do Egito, Abrão pediu que Sarai passasse por sua irmã. O temor motivou Abrão a mentir, e, o que é ainda mais terrível, colocar em perigo sua esposa Sarai. Deus libertou Abrão, apesar destes atos. E com base no retrato totalmente honesto que as Escrituras fazem da fraqueza de Abrão, nós aprendemos várias lições importantes.
* Até mesmo aqueles que têm grande fé podem errar. Não devemos ficar chocados com as nossas fraquezas, nem com as dos outros.
* Os fracassos pessoais afetam outras pessoas. O que fazemos e o que somos sempre tem o seu impacto sobre os que estão à nossa volta.
* Somente Deus pode redimir nossos erros. Jamais permita que a sua culpa ou vergonha afaste você de Deus. Ele é o Único que pode ajudar.
* Deus não nos abandona quando as nossas fraquezas nos traem. Deus pode, e irá, intervir por nós, quando recorrermos a Ele.
“Ló ia com Abrão” (Gn 13.1-18). Gênesis 13 e 14 mostram os grandes pontos positivos do caráter de Abrão, assim como 12.10-20 mostram as suas fraquezas.
A primeira característica positiva é exibida no seu relacionamento com seu sobrinho, Ló. Quando os rebanhos de cada homem cresceram, a ponto de terem que se separar, Abrão, que era mais velho, ofereceu a Ló a escolha da terra. Por direito, a
primeira escolha pertencia ao mais velho. O fato de que Abrão não exigisse os seus direitos mostrou um espírito não beligerante que tem grande importância aos olhos de Deus (2 Tm 2.24).
Ló escolheu “toda” a planície bem regada, deixando a seu tio somente a região montanhosa e mais seca. A escolha foi egoísta. Pode ter parecido “um bom negócio”. Mas estas planícies eram dominadas por Sodo- ma e Gomorra, que tinham uma população já famosa pela iniquidade. Mais adiante, quando Deus julgou Sodoma e Gomorra, toda a riqueza de Ló foi destruída, j untamente com estas duas cidades (Gn 19.15). O comportamento não egoísta de Abrão assegurou o seu futuro. O egoísmo de Ló assegurou a sua ruína.
Deus recompensou Abrão com um lembrete. Tudo o que ele podia ver em todas as direções, da sua posição no alto das colinas, foi dado a ele e à sua descendência — para sempre. A posse momentânea de Ló da terra mais rica perdeu o significado quando comparada com a promessa de concerto feita pelo Deus de Abrão.
“Tomaram a Ló” (Gn 14.1-16). Arqueólogos investigaram a rota percorrida por forças militares que viajassem do norte para a Palestina. Muitos exércitos marcharam para o sul, para atacar as cidades da Síria-Palestina, mesmo nos séculos anteriores aos eventos aqui descritos.
Uma associação de quatro reis atacou e derrotou Sodoma e Gomorra, e tomou todos os seus bens e alimentos como espólio. No princípio dos tempos bíblicos, a maioria das guerras envolvia ataques em busca de espólio, e não com o objetivo de invadir e controlar áreas adicionais. Ló e seus bens foram levados com os de outros moradores de Sodoma. Quando Abrão soube disso, reuniu o seu próprio pequeno exército e perseguiu os saqueadores. Atacando à noite, Abrão derrotou o exército do inimigo, que era maior, e libertou, não apenas Ló, como também os outros.
Aqui Abrão exibiu as características de lealdade e coragem.
“Melquisedeque, rei de Salem ” (Gn 14.18-20). Os nomes bíblicos em geral têm grande significado. Melquisedeque significa “rei da justiça”, e Salém significa “paz”. Õ texto diz que este rei era um “sacerdote do Deus Altíssimo”, um dos nomes usados no Novo Testamento para falar do Senhor.
Embora Abrão devesse estar ciente da sua própria importância, como alguém chamado por Deus, e que recebeu promessas exclusivas, ele aceitou a bênção oferecida por Melquisedeque. Este ato fala da humildade de Abrão, pois nos tempos do Antigo Testamento, a pessoa mais importante abençoava a
menos importante, e oferecer uma bênção envolvia uma reivindicação implícita de superioridade. Nisso, vemos outra das qualidades de Abrão: ele permaneceu humilde, apesar do seu relacionamento especial com Deus.
O Novo Testamento trata Melquisedeque como uma teofania, uma representação visível de Deus como um ser humano. Somente Jesus, com uma natureza humana fornecida por uma mãe humana, pode reivindicar ser Deus encarnado.
O livro de Hebreus vê Melquisedeque como o modelo para o sacerdócio singular de Jesus. O Antigo Testamento nada diz a respeito da origem de Melquisedeque ou de sua morte. Com um discernimento rabínico típico, o autor do livro de Hebreus argumenta que Cristo, cuja origem está na eternidade, e que jamais morrerá, é um Sacerdote “segundo a ordem” desta pessoa, e não na linhagem dos sacerdotes levitas, estabelecida por Moisés.
DEVOCIONAL
Como o Senhor lhe Tinha Dito (Gn 12.1-9)
Alguns comentaristas sugeriram que as promessas de Deus a Abrão eram promessas condicionais. Eles dizem que a condição era a obediência à ordem de Deus de deixar a cidade de Ur. Afinal, se Abrão não tivesse partido, nenhuma das coisas que Deus prometeu poderia ter se concretizado.
Esta opinião distorce tanto o texto bíblico quanto uma verdade vital a respeito da vida espiritual. As promessas de Deus não se ativam pela nossa obediência. Pelo contrário, é a nossa obediência que se ativa pelas promessas de Deus.
Ás vezes, você e eu cometemos o engano de pensar que Deus é como a instalação elétrica em nossas casas. Nestes fios elétricos há uma energia tremenda. E somos você e eu que fazemos esta energia trabalhar! Nós ativamos a energia, acionando um interruptor de luz, ligando um aparelho eletrônico ou pressionando o botão da nossa lavadora de roupas. Deus também tem uma tremenda energia. E alguns cristãos supõem que podem ligar e desligar esta energia, com o que eles fazem. Se acionarem o interruptor correto, Deus age. Se colocarem o seletor no canal certo, ou se colocarem o controle no ajuste correto, Deus virá, sendo chamado. Mas não é isso o que acontece, de maneira alguma, em nossas vidas!
O que acontece é que a fé estabelece um relacionamento com Deus, a fonte suprema de energia. A fé conserva este relacionamento. E uma confiança
“Não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu” (Gn 14.21-24). Quando o rei de Sodoma ofereceu a Abrão o espólio que Abrão tinha obtido de volta dos reis invasores, Abrão recusou. A sua razão é declarada com clareza. Ele não desejava aceitar nada, para que, mais adiante, o povo não viesse a dizer que os homens de Sodoma tinham enriquecido Abrão. Com isso Abrão tinha em mente a glória devida a Deus. Abrão desejava somente aquilo que vinha, de maneira tão inconfundível, da mão de Deus, para que os outros fossem forçados a dizer, “Deus abençoou seu servo”.
E esta é outra das grandes qualidades de Abrão. Agora ele estava pronto a confiar plenamente no Senhor, e a dar a Deus a glória por quaisquer bênçãos que pudesse receber. Nós podemos apreciar estas características no caráter de Abrão, e considerá-lo um modelo de altruísmo, lealdade, coragem, humildade, confiança em Deus e prontidão a dar publicamente glória a Deus por aquilo que Ele faz em nossas vidas.
ativa em Deus e nas suas promessas que nos faz obedecer.
Nós a vemos muito claramente na vida de Abrão. Por Abráo crer nas promessas de Deus, deixou Ur e a sua riqueza para viver uma vida nômade em uma nova terra. A promessa de Deus ativou a obediência de Abrão. A sua obediência não ativou as promessas.
Mais adiante, já na terra, Abrão tirou os olhos das promessas e teve medo. Ele temeu a fome, e temeu o que poderia acontecer se os egípcios vissem e desejassem a sua bela esposa. Por ter se esquecido das promessas, Abrão desobedeceu. Mas mesmo assim Deus foi fiel ao seu compromisso! Ele tirou Abrão da confusão que a sua partida de Canaã e as suas mentiras tinham criado, e trouxe Abrão a salvo de volta à Terra Prometida.
Ali, Abráo novamente fixou os olhos nas promessas. Ele foi altruísta no seu relacionamento com Ló porque acreditou que Deus lhe tinha concedido toda a terra. Ele foi leal e corajoso porque acreditou na promessa de Deus, de abençoá-lo. Ele foi humilde, porque sabia que, com Deus a seu lado, ele não tinha que provar nada. Ele não desejou tomar a riqueza oferecida pelo rei de Sodoma porque desejava que todos vissem claramente que somente Deus era a origem de todo o bem que ele recebia. Foi a promessa, e a fé na promessa, que libertou Abráo, não somente para obedecer a Deus, mas também para se tornar o tipo de pessoa que todos admiramos, altruísta, leal, corajosa, humilde, e sincera.

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