sábado, 11 de maio de 2019

LEITURA 2 A CHEGADA DO PECADO

LEITURA 2 A CHEGADA DO PECADO Gênesis 3—5

“Temi, porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3.10).

Um dos grandes mistérios, que confunde os filósofos, está solucionado em Gênesis 3. O pecado não é o inexplicável remanescente do suposto surgimento da humanidade a partir da bestialidade, mas uma herança que se seguiu à Queda de Adão. Contudo o foco, nestes dois capítulos, não está no fato do pecado, mas nas suas consequências.
Visão Geral
Eva sucumbiu à tentação e persuadiu Adão a desobedecer a Deus (3.1-6). Subjugado pela culpa e pela vergonha, o casal fugiu do Deus Criador, que os amava (w. 7-10). Deus os encontrou, e explicou as consequências do seu ato (w. 11-20). O próprio Deus ofereceu o primeiro sacrifício da história (v. 21) e os expulsou do Jardim (w. 22-24). Adão e Eva viveram para ver as consequências do pecado na sua própria família, quando Caim matou seu irmão, Abel (4.1- 16). Lameque, o descendente de Caim, representa a sociedade pecadora que surgiu (w. 17-26).
Aqui está a base da doutrina cristã da “depravação total”. O homem não é tão mau como pode ser. Mas a humanidade, separada de Deus, é tão má como pode ser.
Entendendo o Texto
“E à mulher disse” (Gn 3.1-6). A aproximação de Satanás a Eva é um modelo clássico do raciocínio que nos leva ao pecado. A ordem de Deus de não comer de uma árvore no Jardim (2.17) estabeleceu um padrão. Satanás atacou este padrão, de três maneiras.
Satanás questionou a existência do padrão: “E assim que Deus disse?” (3.1)
Satanás lançou dúvidas sobre os motivos de Deus para estabelecer o padrão: “Deus sabe que, no dia em que dele comerdes... sereis como Deus” (v. 5). Satanás negou as consequências da violação ao padrão: “Certamente não morrereis” (v. 4).
Ontem, eu vi um debate sobre pornografia, no programa “Crossfire” pela emissora CNN, e vi os argumentos de Satanás reunidos outra vez. Um advogado da ACLU (American Civil Liberties Union) ridicularizou a ideia de que até mesmo a pornografia vulgar é errada. Ele afirmou que a censura à pornografia iria negar aos leitores os seus direitos e prazeres. E afirmou que nenhum mal resultaria de encher a mente com imagens pornográficas.
A nossa única proteção contra o mal é a fé que Eva abandonou. Nós precisamos afirmar o que Deus disse. Nós devemos estar convencidos de que os padrões divinos não pretendem nos negar prazeres, mas nos proteger do mal. E devemos perceber que haverá consequências trágicas à violação dos padrões de Deus quanto ao que é certo e errado.
“Morrereis” (Gn 3.4). Na Bíblia, “morte” é um termo abrangente, que descreve o fim da vida biológica. Mas também descreve a condição psicológica, social e espiritual do homem. Quando Deus advertiu Adão que não comesse o fruto proibido, explicou: “Não comereis dele... para que não morrais”. O pecado de Adão trouxe a “morte” nos seus quatro significados. Biologicamente, o processo de envelhecimento começou quando Adão pecou; um processo que levou à morte do primeiro casal, e à morte física que espreita cada ser humano agora. Psicologicamente, Adão e Eva foram tomados de culpa e vergonha, expressas aqui na sua percepção de nudez (3.7). Socialmente, Adão e Eva começaram a ter ideias divergentes, culpando um ao outro pelo seu ato. A harmonia que tinham conhecido foi rompida pela discussão (w. 11-13). Espiritualmente, Adão e Eva foram alienados de Deus, e isso criou um sentimento de medo. O Deus de amor tinha se tomado, repentinamente, um objeto de terror (w. 8-10). Nenhum ser humano é tão mau como pode ser. Mas todos os seres humanos, as vítimas do legado do pecado que é a morte física, psicológica, social e espiritual, são tão maus como podem ser.
Nós estamos familiarizados com todos estes aspectos do que a Bíblia chama de “morte”. Cada um deles é um testemunho — um quadro de avisos
— que anuncia em alta voz que o pecado é uma realidade com a qual nós devemos lidar.
“Coseram folhas de figueira” (Gn 3.7). A frase retrata o primeiro e inútil esforço do homem de lidar com o pecado. Adão e Eva tentaram se cobrir. Mas nós sabemos que a sua tentativa de lidar com o pecado fracassou. Como sabemos disso? Quando Adão e
deu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” (v. 8). Por mais que tentemos lidar com o pecado com nossos próprios esforços, no fundo nós, seres humanos, conservamos um sentimento de culpa e vergonha que testemunha a nossa condição de perdidos. Jamais houve, e jamais haverá um ser humano salvo pelas suas próprias obras.
“E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os vestiu” (Gn 3-21). Esta simples declaração está cheia de significado simbólico. Ela é considerada como o “primeiro sacrifício da história”. O próprio Deus tirou a vida de um animal para cobrir a nudez de Adão e Eva.
Observe que Deus fez as vestes. Nós não conseguimos lidar com o pecado. Esta é uma situação em que o próprio Deus deve agir.
Observe que houve derramamento de sangue. Aqui, como no sistema de sacrifícios da Lei mosaica, diversas lições são ensinadas. O pecado merece a morte. Mas Deus aceitará a morte de um substituto. Não havia mérito no sangue de bois e cabras mortos nos altares antigos. O sacrifício de animais era o auxílio visual de Deus, preparando a humanidade para reconhecer, na morte de Cristo no Calvário, um sacrifício substituto que realmente tira o pecado.
“O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim” (Gn 3.23). A expulsão de Adão e Eva foi um ato de graça, não de punição. O primeiro casal foi expulso, para que “não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente”. Teria sido horrível, inimaginável, para Adão e Eva, terem vivido ao longo de milênios, forçados a testemunhar as guerras, a injustiça, o sofrimento que derivou do seu ato original de pecado. Quão apropriadas poderiam ter sido as palavras de Isaías, gravadas sobre a entrada proibida ao Éden: “O justo é levado antes do mal. Ele entrará em paz; descansarão nas suas camas os que houveram andado na sua retidão” (Is 57.1,2).
“Irou-se Caim fortemente” (Gn 4.1-16). Adão e Eva não puderam deixar de observar esta evidência de morte espiritual que transmitiram a seus descendentes. Quando Deus aceitou o sacrifício de Abel, e rejeitou a oferta de Caim, este encheu-se de ira. Caim atraiu seu irmão “ao campo”, onde o atacou e matou!
Que desoladora experiência para Adão e Eva! Um filho claramente amado, morto, por outro filho. E eles sabiam que, na verdade, a culpa era deles mesmos! Adão e Eva tinham introduzido na história o
pecado que se expressou na hostilidade de Caim e no seu ato homicida.
A história de Caim e Abel suscita várias perguntas. Por que Deus rejeitou a oferta de Caim? Os rabinos concluíram que Caim oferecera a Deus frutos podres. Uma explicação melhor é a de que Abel, ao fazer um sacrifício de sangue, seguiu uma prescrição que Deus tinha dado a Adão e Eva, quando os vestiu em peles pela primeira vez. Ao oferecer frutos da terra, Caim sugeriu que os seus melhores esforços eram bons demais para serem oferecidos a Deus. O lembrete de Deus, “Se bem fizeres” (v. 7) sustenta esta interpretação. Caim sabia a maneira correta de dirigir-se a Deus, mas não se dispôs a fazê-lo.
Por que Caim matou Abel? Qualquer pessoa que peque e se recuse a aceitar a responsabilidade, possivelmente procurará um bode expiatório e será hostil com ela. A pessoa verdadeiramente boa atrairá provavelmente a hostilidade do ímpio, pois a sua própria bondade recorda ao ímpio o seu pecado. Onde Caim obteve a sua esposa? Se Adão e Eva eram os únicos seres humanos, e Caim e Abel eram seus únicos filhos, onde Caim poderia obter uma esposa? A resposta, naturalmente, é que Caim e Abel não eram os únicos filhos de Adão e Eva. Gênesis 5.4 diz que eles geraram “filhos e filhas”. Caim e Abel foram os únicos mencionados em Gênesis 4, simplesmente porque a história é sobre eles! Podemos supor, com base em 5.4, que existia uma grande comunidade de filhos de Adão, e talvez até de filhos de seus filhos, antes que Caim atacasse seu irmão.
Todas estas perguntas, no entanto, nos desviam da ênfase pretendida pelo autor do livro de Gênesis. A morte que Deus tinha anunciado que seguiria à desobediência atingiu não somente Adão e Eva, mas foi herdada pelos seus filhos! O pecado corrompeu a raça do homem, e todos nós vivemos com as trágicas consequências do pecado de Adão.
“Eu matei um varão, por me ferir” (Gn 4.23). Gênesis 4 continua a investigar as consequências do pecado. Um descendente de Caim, chamado Lameque, violou a ordem divina para a sociedade, casando-se com duas mulheres. Então, ele justificou o assassinato, explicando que o homem que ele tinha matado o tinha ferido. Uma mulher já não era mais considerada como companheira de um homem, mas as mulheres tinham se tornado subservientes, objetos para o uso do homem. A injustiça foi racionalizada, e o assassinato era considerado pelos orgulhosos como a justa recompensa por insultos. Nesta passagem, nós vemos a própria sociedade sendo arrancada de seus fundamentos morais. Aqui existe mais do que um toque de ironia. Gênesis 4.19-22 descreve as realizações dos filhos de Lameque. Um deles conseguiu controle sobre o reino animal (v. 20). Outro introduziu as belas artes que nós, humanos, associamos com “cultura” (v. 21). Outro aprendeu a extrair metais da terra e moldá-los para o uso do homem (v. 22). Há alguma invenção, há alguma altura, à qual a humanidade não possa chegar?
Hoje nós vivemos em um mundo assombroso. Nós enviamos homens à lua, sondas não tripuladas a planetas distantes. Nós aplicamos radiação para destruir células cancerosas, e inundamos o mercado com remédios que prolongam a vida. Nós enchemos as ondas do ar com músicas, e nos deslocamos por estradas em máquinas que são mais complexas do que a nossa capacidade de entendimento. Mas, apesar de todas as nossas realizações no universo material, a nossa sociedade permanece estra-

DEVOCIONAL______
“Porque Comeste”
(Gn 3.8-19)
O diálogo entre Deus e Adão está no cerne destes trágicos capítulos. Deus encontrou Adão e o questionou. As palavras de Adão revelaram o fato de que esta era verdadeiramente a história de uma Queda, apesar da reivindicação de alguns de que comer o fruto proibido tenha sido “a subida de um degrau”.
Adão agora tinha medo do Deus cuja imagem trazia (v. 10). Adão estava ciente da sua culta, e sentiu vergonha (v. 10). Adão recusou-se a encarar a realidade e tentou atribuir à Eva a culpa pelo seu ato (v. 12). Eva também não aceitou a responsabilidade (v. 13). Deus, então, anunciou as consequências que deveriam se seguir às escolhas feitas por cada ator no drama de Gênesis 3.
É importante ver as consequências não como alguma punição arbitrária, mas como um requisito exigido pela natureza moral do universo que Deus criou. A serpente que emprestou seu corpo como um veículo a Satanás perdeu a sua beleza (v. 14). Despido da ilusão, o pecado é sempre feio e degradante. Satanás ganhou a hostilidade, em lugar da lealdade, da raça humana (v. 15). Diferentemente dos anjos que caíram, a humanidade não irá se alistar voluntariamente seguindo Satanás na sua louca guerra contra Deus. Satanás também estava destinado a ser destruído por aquEle que nasceria da raça humana caída (v. 15). Em um universo moral, é impossível que o mal triunfe. As consequências paraiíz« foram físicas, psicológicas e sociais (v. 16).
gada pelo sofrimento e pelo pecado. Empresas fabricantes de cigarros, responsáveis pelas mortes prematuras de 380 mil pessoas por ano, promovem livremente seus produtos. Os bêbados e drogados chocam seus complexos automóveis contra outros seres humanos. Grandes corporações do mundo livre ajudam nações terroristas a construir indústrias para guerras químicas. Maus tratos a crianças e assassinatos, guerras e rumores de guerras, enchem as páginas de nossos jornais. Sim, o homem pode conseguir maravilhas no mundo material. Mas a humanidade está espiritualmente morta, incapaz de vencer o puxão do pecado ou de evitar suas terríveis consequências. Novamente, nós não somos tão maus como podemos ser. Mas, sem Deus, nós continuamos sendo tão maus como poderíamos ser.
Tudo isso é ensinado e demonstrado em Gênesis 3 e 4.
Alguns entendem que “Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição” indica um ciclo menstrual mais frequente. “O teu desejo será para o teu marido” indica uma nova dependência psicológica quer irá substituir o sentimento original de Eva de uma forte identidade pessoal. E “ele te dominará” introduz, pela primeira vez, a ideia de hierarquia: em um universo pecador, os seres humanos irão lutar para obter o domínio uns sobre os outros, e as mulheres serão forçadas, pela sociedade, a papéis subservientes que anulam a personalidade. Aqui a causa não é a moralidade do universo, mas a distorção causada pelo pecado propriamente dito. Quando Adão e Eva abandonaram a submissão à vontade de Deus para afirmar a sua própria vontade independente, o conflito tornou-se inevitável. Adão também iria sofrer, desta vez pela distorção que o pecado causou à natureza (w. 17-19). O trabalho se tornou esforço, e a vida, uma luta contra a natureza.
Em todas estas coisas, nós vemos novas evidências da destruição que o pecado traz. Mas nós também percebemos uma nota de esperança. Aquilo que Adão fez, Cristo consertou, e consertará. Quando Jesus vier, a própria natureza será libertada (Rm 8.18-21). Mas você e eu podemos sentir a libertação, agora mesmo! Não, não das mudanças físicas causadas pelo primeiro pecado. Mas nós podemos ser liberados em nossos relacionamentos. Nós podemos ser liberados da competição em nossos lares e em nossas igrejas, e pela mútua submissão à vontade de Deus, voltaremos a ter a harmonia que reinava antes da Queda. Nós podemos ser liberados do desejo de estabelecer a nossa própria superioridade, pela dominação sobre os outros. Em Cristo, nós podemos ser liberados também da repreensão, do ódio, e de fazer injustiças.
A imagem obscura aqui obtida, à medida que se definem as consequências do pecado, nos lembra do que houve antes da Queda. Aquela imagem do que o homem perdeu nos informa do tipo de pessoas que nós devemos ser em Cristo, e do brilhante futuro que Cristo promete ao povo de Deus.
Aplicação Pessoal
Quais indicações da Queda você vê nos seus próprios relacionamentos com outras pessoas? Sinta-se encorajado! Cristo morreu para libertar você exatamente destas consequências do pecado.
Citação Importante
“Nós estamos estabelecendo um recorde de todos os tempos na produção de coisas materiais. O que nos falta é uma fé justa e dinâmica. Sem ela, todo o resto tem pouca serventia. A falta de fé não pode ser compensada por políticos, ainda que sejam hábeis; nem por diplomatas, ainda que sejam astuciosos; ou por cientistas, ainda que sejam inventivos; nem por bombas, ainda que sejam poderosas.”
— John Foster Dulles

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