sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Comentários de Daniel 3



Comentários da Bíblia de Aplicação pessoal

3.1 Na cultura religiosa de Babilônia se adoravam estátuas. Nabucodonosor esperava que a adoração desta estátua
gigantesca (trinta metros de alto e três de largura) unisse à nação e solidificasse seu poder. Esta estátua de ouro pôde ter estado inspirada por seu sonho. Entretanto, em vez de ter só a cabeça de ouro, era de oro da cabeça até os dedos dos pés. Nabucodonosor queria que seu reino durasse para sempre. Ao fazer a estátua, demonstrou que sua devoção pelo Deus do Daniel não lhe tinha durado muito. Nem temia nem obedecia ao Deus que lhe tinha enviado o sonho.

3.6 O forno em questão não era um forno pequeno dos que se usam para cozinhar ou para esquentar uma casa. Era um enorme forno industrial que possivelmente se utilizava para assar tijolos ou fundir metais. A temperatura era tão alta que ninguém podia sobreviver a seu calor. Suas devoradoras chamas se transbordaram pelas aberturas e mataram aos soldados que se aproximaram forno (3.22).

3.12 Não sabemos se outros judeus tampouco adoraram a estátua, mas com estes três quiseram fazer um castigo. por que não se inclinaram ante a estátua e disseram a Deus que o faziam obrigados? Estavam determinados a nunca adorar a outro deus e corajosamente se mantiveram firmes. Por isso os condenaram a morte. Não sabiam que seriam liberados do fogo; quão único sabiam era que não foram inclinar se ante nenhum ídolo. manteria-se você firme Por Deus custe o que lhe custe? Quando a gente está firme Por Deus, nota-se. Pode ser doloroso e não sempre terá um final feliz. Esteja preparado para dizer: "Livre me ou não, só a meu Senhor servirei".

3.15 Os três homens tiveram uma oportunidade mais. Hei aqui oito desculpas que puderam ter tido para inclinar-se ante a estátua e que não os matassem. (1) Inclinamo-nos, mas não estávamos adorando o de coração. (2) Não nos voltaremos idólatras; fizemo-lo uma só vez e lhe pedimos perdão a Deus. (3) O rei tem poder absoluto e terei que obedecê-lo. Deus entende. (4) O rei nos deu o posto que temos; terá que ser agradecidos, não? (5) Não estamos em nosso país, e portanto Deus nos perdoará por seguir os costumes deste país. (6) Nossos antepassados colocaram ídolos no templo. Isso é muito pior! (7) Não estamos fazendo machuco a ninguém. (8) Se nos matarem e uns pagãos ocupam nosso posto, quem vai ajudar a nossa gente no desterro?
Embora todas estas desculpas tivessem parecido lógicas, não tivessem sido mais que uma racionalização perigosa. O inclinar-se ante uma estátua violava o mandamento de Deus de Exo 20:3 : "Não terá deuses alheios diante de mim". Além disso tivesse manchado seu testemunho para sempre. Nunca mais tivessem podido falar do poder de seu Deus que ultrapassa o de outros deuses. Que desculpas utiliza você para não pronunciar-se pelo?
3.16-18 Sadrac, Mesac e Abed-nego foram pressionados para negar a Deus, mas decidiram ser fiéis a qualquer preço! Confiaram em que Deus os liberaria, mas estavam determinados a ser fiéis apesar das conseqüências. Se Deus sempre resgatasse aos que lhe são fiéis, os cristãos não necessitariam fé. Sua religião seria uma grande apólice de seguro e haveria filas de gente egoísta listas para adquiri-la. Devemos ser fiéis a Deus já seja que intervenha ou não em nosso favor. Nossa recompensa eterna vale qualquer sofrimento que tenhamos que resistir.

3.25 Era óbvio que esta quarta pessoa não era humano. Não podemos estar seguros de quem era esse quarto homem. Pôde ter sido um anjo ou uma aparição de Cristo. Em qualquer caso, Deus enviou a um visitante celestial para que acompanhasse a estes homens fiéis durante seu momento de grande prova.

3.27 Nem o fogo nem o calor os tocou. Não se encontrou nenhuma queimadura neles, e nem sequer cheiravam a fumaça! Só a soga que os atava se queimou. Nenhum humano pode nos atar se Deus quer nos liberar. O poder que temos a nosso alcance é o mesmo que liberou o Sadrac, Mesac e Abed-nego e que levantou cristo dos mortos (Eph 1:18, Eph 1:20). Confie em Deus em meio de cada prova. As provas temporárias chegam por motivos eternos; podemos agradecer que nosso destino esteja em mãos de Deus, não nas do homem.

3.28, 29 Nabucodonosor não estava comprometendo-se aqui a servir unicamente ao Deus do Daniel. Em vez disso reconheceu que Deus é poderoso e ordenou a seu povo que não falasse contra O. Não lhes disse que deviam desfazer-se de outros deuses, mas sim deviam acrescentar este à lista.

3.30 Onde estava Daniel nesta história? A Bíblia não o diz, mas existem várias possibilidades. (1) Pôde ter estado em um assunto oficial em outra parte do reino. (2) Pôde ter estado presente, mas como era um governante, os funcionários não o acusaram de não haver-se inclinado ante a estátua. (3) Pôde ter estado na capital ocupando-se dos assuntos do rei enquanto este estava fora. (4) Pôde ter sido considerado isento de inclinar-se ante o ídolo por sua reputação de interpretar os sonhos por meio de seu Deus. Já seja que Daniel estivesse ali ou não, podemos estar seguros de que não se teria inclinado ante o ídolo.
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Comentário Expositivo de Hernandes Dias Lopes
Prontos a morrer, não a pecar
(Daniel 3.1-30)
O MAIS IMPORTANTE NÃO É VIVER, mas
ser fiel a Deus. Pessoas comprometidas com Deus resistem o pecado até o sangue e estão prontas a morrer, não a pecar.
Em Daniel 3, algumas verdades preliminares nos chamam a atenção:
Em primeiro lugar, tome cuidado, pois, a sede pelo poder pode tornar você cego e louco. Nabucodonozor era um homem embriagado pelo poder. Ficou cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se contentou em ser rei de reis, em ser o maior rei da terra, mas quis ser adorado como deus.
Em segundo lugar, acautele-se com a síndrome de dono do mundo. Nabucodonozor não se contentou em ser a cabeça de ouro (capítulo 2). Agora
constrói uma estátua toda de ouro, de trinta metros de altura, e ordena que todos os súditos de seu reino a adorem. Esse rei megalomaníaco quer ser o centro do mundo.
Em terceiro lugar, o poder dos tiranos esbarra na fidelidade dos servos de Deus. O poder dos tiranos e dos déspotas sempre encontra seu limite em pessoas fiéis a Deus. Os três jovens hebreus são uma nota dissonante no meio daquela sinfonia de servilismo. Eles são intransigentes, inconformistas. A verdade é inegociável para eles. Não transigem com os absolutos de Deus. Não vendem a consciência. Preferem a morte à infidelidade. Estão prontos a morrer, não a pecar.
Cinco verdades fundamentais podem ser identificadas nesse precioso capítulo.
A prova (v. 1-7)
Nabucodonozor tornou-se um homem embriagado pelo poder e ofuscado pela sua própria glória. Seu coração se engrandeceu, e ele quis ser adorado como deus (v. 1-5). Ele não se contentou com a mais alta posição da terra, ser rei de reis; ele quis ser Deus. Diante da revelação da soberania e triunfo de Deus na história (capítulo 2), em vez de se humilhar, exaltou-se. Ele instituiu o culto de si mesmo e a adoração de seus deuses. Ele ordenou a todos os súditos de seu reino para se prostrarem e adorarem sua imagem. Ele escravizou as consciências e usou a religião para consolidar sua política opressora.
O passo seguinte foi manifestado pela barbárie de uma religião totalitária (v. 6,7). A religião totalitária exige a lealdade das pessoas pela força. Não conquista os corações, mas obriga as consciências. As pessoas se dobram por medo, não por devoção. E a religião do terror, não do amor. Estabelece uma pena para a desobediência: a morte. Estabelece um método para matar: a fornalha ardente. Nabucodonozor institui uma inquisição bárbara, uma adoração compulsória, uma religião opressora. Quando a religião se desvia da verdade, torna-se o braço da intolerância e da truculência.
A acusação (v.8-12)
As pessoas ingratas têm memória curta (v. 8). Os caldeus tinham sido poupados da morte pela intervenção de Daniel e seus amigos (Dn 2.5,18). Agora eles, de forma ingrata, acusam as pessoas que lhes ajudaram, no passado, a se livrar da morte. A ingratidão é uma atitude que fere as pessoas e entristece a Deus. A acusação dos caldeus é maliciosa. A palavra hebraica significa “comer a carne de alguém”.14
As pessoas invejosas tentam se promover buscando a destruição dos concorrentes (v. 12). Os caldeus usam a arma da bajulação ao rei antes de acusar os judeus. Eles acrescentam um fato inverídico: “Não fizeram caso de ti”. Eles não querem informar, mas distorcer os fatos e destruir os judeus. Isso, apenas porque esses judeus foram constituídos sobre os negócios da província. A inveja foi o pecado que levou Lúcifer a ser um querubim descontente, mesmo no céu, e a tornar-se um demônio. A inveja provoca contendas, brigas, mortes e desastres.
As pessoas fiéis, entretanto, entendem que fidelidade é uma questão inegociável. A fidelidade a Deus é mais importante que a preservação da própria vida. Esses jovens entenderam que agradar a Deus é mais importante que preservar a própria vida. A principal lição desse texto não é o livramento miraculoso, mas a fidelidade inegociável.15
Três jovens têm coragem de discordar de todos; de preferir a morte ao pecado. Estão dispostos a morrer, não a pecar. Transigir era uma palavra que não constava do vocabulário deles.
A fidelidade incondicional não é uma barganha com Deus. Muitas vezes, nossa fidelidade a Deus nos levará à fornalha, à cova dos leões, à prisão, a sermos rejeitados pelo grupo, a sermos despedidos de uma empresa, a sermos rejeitados na escola. Nosso compromisso não é com o sucesso, mas com a fidelidade a Deus.
Ceder à pressão da maioria pode destruir sua vida mais que o fogo da fornalha. Muitos jovens crentes são tentados a ceder. Jovens cristãos são instados a se embriagar com seus amigos ou a perder a virgindade antes do casamento. São tentados a mentir aos pais, a ver filmes indecentes, a curtir músicas maliciosas do mundo.16 O mundo tem sua própria fornalha ardente à espera daqueles que não se conformam em adorar seus ídolos. É a fornalha de ser desprezado, ridicularizado. Os que são fiéis a Deus são chamados de retrógrados. Cuidado com a opinião da maioria, ela pode estar errada e, via de regra, está.
A firmeza (v. 13-18)
É importante entender que não fomos chamados para sermos advogados de Deus, mas Suas testemunhas (v. 16-18). Os três jovens não entraram numa discussão infrutífera. Eles não tentaram defender Deus. Eles apenas testemunharam dEle, mostrando que estavam prontos a morrer, mas não a ser infiéis a Deus. Nabucodonozor tenta intimidá-los, dizendo que deus nenhum poderia livrá-los de sua mão (v. 15). Mas eles não tentam defender a reputação de Deus, procuram apenas obedecê-Lo (v. 16,17).
É importante entender, também, que nossa fé não pode ser arrogante (v. 17,18). Os três jovens dizem que Deus pode livrar, mas não dizem que Deus o fará. Eles não são donos da agenda de Deus. Eles não decretam nada para Deus. Eles não dizem: “Eu não aceito isto”; “Eu rejeito aquilo”; “Eu repreendo o fogo”; “O rei está amarrado”. Eles não determinam o que Deus deve fazer. Nem sempre é da vontade de Deus livrar Seus filhos dos padecimentos e da morte. O patriarca Jó, no auge da sua dor gritou: “Ainda que Deus me mate, eu ainda confiarei nele” (Jó 13:15 ARA). Tiago, Paulo, John Huss, William Tyndale foram mortos, não poupados. Às vezes, Deus livra Seus filhos da morte; outras vezes, da morte. Não importa, pois “se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Devemos ser fiéis a Deus, não apenas pelo que Deus faz, mas por quem Deus é (v. 17,18). Aqueles jovens não serviam a Deus por causa dos benefícios recebidos. A religião deles não era um negócio, uma barganha com Deus. Eles serviam a Deus por causa do caráter de Deus. Eles tinham uma fé teocêntrica, não antropocêntrica. Hoje as pessoas buscam a Deus, não por causa de Deus, mas por causa das dádivas de Deus. Querem bênçãos, não Deus.
Devemos fazer o que é certo e deixar as conseqüências nas mãos de Deus (v. 17,18). Nossa função é sermos fiéis, não administrar resultados. Olyott, corretamente, diz que é melhor ser morto prematuramente e encontrar o reto Juiz em paz que viver um pouco mais com vida repreensível e encontrá-Lo em terror.17 Precisamos continuar crendo em Deus apesar das circunstâncias. Viver não é preciso, andar com Deus sim. A morte por causa de Cristo não é uma tragédia, mas uma promoção. Os que morrem no Senhor são bem-aventurados. Ainda hoje, muitos cristãos preferem a morte nas prisões à liberdade no pecado. Prova disso é que mais da metade de todos os mártires da história viveram no século 20.
A liberdade (v. 19-25)
A fúria descontrolada é insensata. Nabucodonozor estava furioso e transtornado. Uma pessoa, assim, torna- se inconseqüente e insensata: Nabucodonozor desafiou a Deus (v. 15), mandou aquecer a fornalha sete vezes (v.
19)   e mandou atar as pessoas antes de jogá-las no fogo (v.
20)     . Contudo, o fogo queimou não os crentes, mas seus algozes (v. 21).
Deus não nos livra dos problemas, mas nos problemas (v. 24,25). Deus não impediu a fabricação da imagem, não impediu que Nabucodonozor acendesse a fornalha, não impediu a divulgação do decreto, não impediu que os três jovens fossem acusados, não os livrou da fúria do rei nem do fogo da fornalha. Deus não impediu que eles fossem atados e jogados na fornalha acesa e aquecida sete vezes mais, mas livrou-os na fornalha (Is 43.1-3).
Deus transformou o instrumento de morte em instrumento de livramento (v. 25,27). O fogo os libertou das amarras, e Deus os libertou do fogo. O fogo só queimou as cordas que os prendiam. O fogo os libertou das cordas, e Deus os libertou do fogo. Eles foram atados e jogados ao fogo, mas, eles não foram tirados do fogo. Eles saíram do fogo. Eles foram jogados amarrados, mas saíram livres (v. 26)! Olyott diz que o livramento no fogo é a estratégia de Deus.18
Quando todos os recursos da terra acabam, encontramos o livramento no quarto Homem, ainda que em meio da fornalha (v. 24,25). O livramento por intermédio do quarto Homem pode ser notado por meio da: 1) presença; 2) preservação e 3) promoção.
Deus desce para estar conosco na hora de nossa maior aflição. Ele é Deus conosco nas provas, nos vales, na dor, na solidão, na perseguição, na doença, no luto, na fornalha, e na morte. Ele é o quarto Homem.
O livramento no fogo é a estratégia de Deus. Quando somos fiéis a Deus, Ele tem um encontro conosco na fornalha. Só temos duas escolhas: ou ficamos fora da fornalha com Nabucodonozor ou dentro dela com Cristo. O lugar do calor da prova é o mesmo lugar da comunhão íntima com Cristo.'1
Não há fornalha ardente que possa destruir o povo de Deus. O quarto Homem sempre vem ao nosso encontro. Ele prometeu: “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20).
A promoção (v. 26-30)
Quando você honra a Deus, Ele honra você (v. 26). O mesmo rei que ficou com o rosto transtornado de ira contra eles, agora os chamou reverentemente de servos do Deus Altíssimo (v. 26). O mesmo rei que decretou a morte deles, agora os faz prosperar (v. 30).
Quando você é fiel a Deus, o nome de Deus é exaltado (v. 28,29). O mesmo rei que pensou que nenhum deus poderia livrar os jovens de sua mão, agora está bendizendo a Deus e reconhecendo que não há Deus que possa livrar como Ele. Deus é glorificado, e os servos de Deus promovidos, sempre que a igreja responde às pressões do mundo com uma fidelidade inegociável.
Muitoshomens de Deusjáestiveramnafornalha: Abraão, em Moriá; Jacó, no vau de Jaboque; José, na prisão; Davi, na caverna; Daniel, na cova dos leões; Pedro, no cárcere; João, na ilha de Patmos. Todos esses experimentaram também a presença consoladora e libertadora do quarto Homem na fornalha. O quarto Homem sempre vem ao nosso encontro quando nossos recursos acabam. Ele está conosco sempre. Ele caminha conosco no meio do fogo, da dor, da doença, do abandono, da solidão, do luto e da morte.
Quando o quarto Homem nos faz sair da fornalha, até nossos inimigos precisam reconhecer a majestade de Deus e dar glória a Seu nome (v. 28). Deus nos promove quando saímos da fornalha. Saímos dela mais fortes e mais próximos de Deus.  
Comentário Moody
Daniel 3

B. Nabucodonosor Prova a Fé do Crente: Uma Lição de Firmeza na Fé. 3:1-30.
Tudo em Daniel 3 sugere claramente que o propósito principal deste capítulo é diretamente prático e não doutrinário. Não há predições. A narrativa simplesmente fala da sorte dos três amigos de Daniel na qualidade de firmes confessores da fé (Daniel não aparece no capítulo). Hebreus 11:34 cita a história como uma lição de fé. O incidente principal é o tema de um desenvolvimento espúrio da história em um livro apócrifo conhecido como "A Canção dos Três Jovens Hebreus".
Os personagens do "drama" são conhecidos, todos já tendo sido apresentados anteriormente: Nabucodonosor (Dn. 3:1; cons. 1:1; 2:1); os caldeus (3: 8; cons. 2:2); os "três jovens hebreus" (3:12 e segs.; cons. 1:6, 7; 2:17, 49). Por que Daniel não foi descoberto em desobediência civil como os três foram, explica-se melhor pela conjectura de que estivesse ausente da cidade em alguma obrigação oficial.
Em harmonia com o caráter didático desta narrativa, sugerimos um esboço homilético e não um analítico. Os atos apresentados são os seguintes : 1) a oposição à fé (v. 1; cons. v. 8); 2) a tentação da fé (vs. 2-15); 3) a demonstração da fé (vs. 16-18); 4) a salvação pela fé (vs,19-30).
1) A Oposição à Fé. 3:1 (cons. v. 8).
A ocasião foi o levantamento de uma 1magem idólatra. As medidas fornecidas em proporção, 60 X 6 = 10 X 1, dão a idéia de uma imagem sobre um pedestal. Quanto à localização em Dura, embora haja pelo menos três lugares com esse nome de acordo com os mestres, só uma ficava perto da cidade. A imagem devia ter sido dedicada a alguma divindade babilônica, embora os versículos 12, 14, 18 pareçam anular isto. Montgomery e Keil argumentam que era um símbolo do império de Nabucodonosor. A acusação de traição (v. 12) sustenta essa declaração.
Seiss (Joseph A. Seiss, Voices from Babylon) acha que devia ser um símbolo de Jeová, uma vez que Nabucodonosor parecia querer declarar a Sua supremacia (2:47, 48). Temos precedentes para imagens de Jeová (Ex. 32; I Reis 12:25-33; cons. Atos 17:23), mas parece-nos improvável que esta tenha sido uma delas. As pessoas que lideraram o ataque (Dn. 3:8) eram aquelas que deveriam ser amigas desses hebreus, uma vez que lhes deviam suas vidas. Mas, como todos os homens perversos, opunham-se ao verdadeiro culto a Deus (cons. Pv. 29:25; Mt. 10:16-39, esp. v. 28).

2) A Tentação da Fé. 3:2-15.
A tentação era em primeiro lugar para perversão da fé. A idolatria é essencialmente a perversão de um apetite sadio de ver a Deus (João 14:6). Mas a fé deve sempre ser colocada no "Invisível" só mais tarde "feito carne" (veja Rm. 1:23; I João 5:21; Atos 17:29; Êx. 20:4-6). A tentação era em segundo lugar, para comprometer a sua fé. O progresso de sua profissão parecia depender de sua conformação com a idolatria, contanto que ocultassem ardilosamente a sua rejeição (cons. lI Reis 5:15-19). O versículo 14 sugere também uma tentação de ocultamento da fé.
3. Os sátrapas, os prefeitos e governadores, os juízos, os tesoureiros, os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias (cons. v. 2). Alguns desses termos são semita, como o eram as línguas da Babilônia, o hebraico e o aramaico; outros vinham do persa, uma língua não semita dos senhores medo-persas do reino que se seguiu em 539 A.C (cont. caps. 5 e 6). Argumenta-se que as palavras persas foram usadas anacronicamente. Isto não está implícito, uma vez que a narrativa foi composta por Daniel, que publicou o seu livro no período persa. As palavras escolhidas, então, poderiam ter sido termos que melhor se adaptassem à compreensão e costumes dos seus leitores. Se este livro fosse composto no período grego, na Palestina, como muitos críticos defendem, seria bastante surpreendente que se usasse nele alguma palavra babilônica.
5. O som da trombeta, do pífaro, da harpa, da citara, do saltério, da gaita de foles, etc. (com. vs. 7, 10, 15). Tem-se defendido que, considerando que alguns dos nomes desses instrumentos são gregos, o livro deve ter sido escrito depois que Alexandre conquistou o Oriente. Com o passar dos anos, contudo, estudos históricos demonstram cada vez mais convincentemente que houve uma troca de cultura precoce entre a Grécia e o Oriente. Esses instrumentos musicais de origem grega simplesmente levaram consigo seus nomes gregos, como acontece com semelhante intercâmbio cultural hoje em dia, a saber, o piano, a viola, a guitarra, a citara, etc.
3) A Demonstração da Fé. 3:16-18.
16. Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Ausência de quaisquer títulos lisonjeadores na maneira dos hebreus tratarem o rei não indica nenhum desrespeito – antes integridade concisa. Talvez o nome Nabucodonosor deveria estar ligado ao sentido de "o rei" do discurso começasse com "não estamos preocupados . . . " Em vez de não necessitamos, leia-se não há necessidade. Estas palavras expressam total submissão e parecem responder à pergunta do rei no versículo 14. É verdade . . . ? ou antes, Estais determinados a . . . ?
17, 18. O nosso Deus . . . quer livrar-nos. (Cons. II Tm. 1:12). Ele nos livrará . . . das tuas mãos. Isto expressa a plena confiança de sua fé. Eles não sabiam como Deus os livraria da mão do rei – se pela morte, chamando-os à Sua presença, ou por intermédio de um ato especial da providência, salvando-os com vida. Mas mortos ou vivos, sabiam que pertenciam a Deus (I Cr. 3:21-23; veja também Hb. 13:6).
4) A Salvação pela Fé. 3:19-30.
19. Sete vezes mais. Possivelmente a palavra aramaica had, traduzida para um, na A.V., tenha aqui o sentido de nosso artigo indefinido "um"; portanto um sete vezes mais. Talvez fosse uma espécie conhecida de alguma coisa que podia ser multiplicada por sete (por exemplo, a palavra heb. para semana é sete, como também a palavra semelhante para juramento). Este sete seria, então, como sugere Zoeckler (Lange's Comm.), um número que totalizava a penalidade judicial. Veja também Lv. 26:18-24; Mt. 18:21, 22.
21. Foram amarrados em suas próprias roupas, pois não foi dado tempo para preparativos especiais. O significado das palavras para as peças das roupas está atualmente quase que totalmente perdido. Deve ter-se perdido desde o tempo das primeiras traduções, e a Septuaginta (não o texto grego de Teodósio, que é melhor) vem do período quando certos críticos acham que este livro foi escrito. Se as palavras eram desconhecidas nos dois primeiros séculos e meio A.C. , então o livro deve ter sido escrito muito antes.
24,25. Estas palavras devem ser interpretadas do ponto de vista pagão de Nabucodonosor, não de nosso ponto de vista cristão. Semelhante a um filho dos deuses (no aram. da-mê lebar elahîn), isto é, como um ser de aparência divina. O rei estava pensando nas diversas classes de divindades pagãs. (Um caso semelhante de erro na A.V. se encontra em Mt. 27:54). Esta pessoa poderia muito bem ter sido o Filho de Deus pré-encarnado, mas nesse caso, Nabucodonosor não sabia quem Ele era. Veja Is. 43:1-3.
A vitória da fé tinha cinco objetivos:
1) Foram soltos de suas amarras (v. 25).
2) Foram protegidos do mal (v. 27).
3) Foram confortados na provação (vs. 24, 25, 28).
4) Seu Deus foi glorificado (v. 29).
5) Como servos de Deus foram recompensados (v. 30).

Comentário Bíblico NVI- FFbruce
A IMAGEM E OS TRÊS JOVENS TEM ENTES A D EU S (3.1-30)
1) A im a g em d e N a b u c o d o n o so r (3.1-7)
A reforma d e estátuas antigas ou a confecção
d e novas era um a característica com um
das resp on sab ilid ad es do rei. N ã o sabem os
qual d eu s foi honrado por essa estátua, não
há pista rem anescente fora d esse capítulo; é
im provável q u e se tenha representado o rei
por m eio dela. A lgu n s têm sugerido q u e o
son h o do cap. 2 in d u ziu N a b u co d o n o so r a
erguer e sse colosso. Por outro lado, a idéia já
e m d e se n v o lv im e n to nas in te n ç õ e s do rei
pode ter precipitado o sonho, vinte e sete metros
de altura e dois metros e setenta centímetros de largura-.
qualquer que tenha sido a figura qu e foi
criada, ela p o d e ter sido elev a d a sobre um
pedestal. Estátuas d e ouro eram encontradas
com freqüência nos tem plos, e os textos antigos
d escrevem m uitas delas. O ouro revestia
um material mais sim ples (cf. Is 40.18ss).
N abucodonosor conta do ouro que e le esbanjou
nos santuários da Babilônia, e H eródoto
d escrev e os seu s ricos u ten sílio s e grandes
estátuas (I. 183). Dura-, um local d esco n h ecido
na região plana dos rios da Babilônia, onde
o m on u m en to seria visto d e longe, receb en do
tam bém a lu z solar. v . 2. convocou-, para
mostrar as realizações do rei e garantir a lealdade
dos seu s oficiais. Alistar títulos fazia parte
do estilo d e narrativa (cf. 2.2), característica
preservada tam b ém na B abilônia. S o b rev iv
eu um a lista da corte d e N ab u cod on osor,
encontrada na cid a d e da B abilônia (A N E T'
p. 307-8). M etade dos oito títulos são term os
do persa antigo (sátrapas, conselheiros, tesoureiros,
juizes)-, dois, assírios assim ilados p elo
aramaico (prefeitos, governadores)-, dois, aram
aicos (magistrados, autoridades provinciais).
Essa lista im p on en te é repetida no v. 3 e parcialm
en te no v. 27, assim com o os instrum entos
m usicais são repetidos nos v. 5,7,15. v . 4.
o arauto-, um m em bro indispensável da corte
a n tes da ép o ca da com u n icação d e m assa.
C om o em E t 3.12 etc., tom ou -se o cuidado
d e transmitir o decreto a todos. v . 5 . A música
era essencial nos tem p los e palácios antigos.
C antores e instrum entistas eram recrutados
d e perto e d e longe, d e forma voluntária ou
com o tributos ou cativos. D o s se is in stru m
entos na orquestra d e N abucodonosor, três
têm n om es gregos, cítara, harpa e flauta dupla
(qitros, psantêrin, sümponyã). V isto q u e
certam ente havia gregos na Babilônia d e N a bucodonosor
(v. com entário d e 1.5 e Introdução,
“As línguas d e D a n iel”), essas palavras
não são “evidência filológica sólida do reflexo da civilização h elen ista em D a n iel” (M ontgom
ery). Embora não ocorra nen h u m e x em p
lo d e sümponyã com o instrum ento m usical
em fon tes gregas antes do sécu lo II a.C., a
palavra é com u m em outros sen tid os m usicais
(harmonia, alguns acordes), e poderia ter
sid o usada assim aqui (v. T . C. M itch ell e
R. Joyce em Notes..., e J. R im m er e T . C.
M itchell, AncientMusical Instruments of Western
Asia in the British Museum, L o n d o n , 1969).
v . 6. fornalha-, o castigo é con h ecid o d e raras
referências em textos legais cuneiform es (cf.
ANET, 3. ed ., p. 627-8). E ntre o T ig re e o
E ufrates, em tom o da cid ad e da B abilônia,
havia m uitas “olarias”, algum as com fornos
(em bora a maioria dos tijolos fosse sim p lesm
e n te q u eim a d a ao so l), p rop orcio n a n d o
um a ferram enta sem p re d isp o n ív e l para a
execu ção dos inim igos do rei.
2 ) O s tr ê s a m ig o s c o n fia n te s (3 .8 -1 8 )
v . 8 . denunciaram-, por inveja, um a sorte
com um aos honestos, sem m eios satisfatórios
d e refutação, p ois a acusação não era falsa,
v . 10. decreto-, uma palavra diferente da palavra
persa dat d e 2.9ss; 6.5ss, provavelm ente
o seu sin ô n im o aramaico. v . 1 2 . alguns judeus:
lit. “hom ens d e Judá”, a raça estrangeira
ajuda a formar um retrato d e desavença.
que não te dão ouvidos-, destaca-se com isso a
bondade do rei para com os três e a d eslealdade
d estes, com o tam bém a sua posição religiosa;
eles são retratados com o hom ens qu e
rejeitaram os v a lo res d e N a b u c o d o n o so r .
v . 13. Essas acusações falsas tocam no ponto
fraco do rei, mas e le não puniria os hom ens
sem ouvi-los. S e isso fosse verdade, esse d e safio
era digno d e ser visto, e o seu castigo
seria um esp etá cu lo p ú b lico salutar. A sua
pergunta se concentrou no aspecto religioso
(nem aqui n em no v. 18 é repetida a acusação
“não te dão ou vid os”), e e le ainda ofereceu
um a oportunidade aos acusados d e provar
a sua lealdade, sob coerção. E que deus (v. 15)
faz eco à zombaria d e R absaqué, oficial d e
S e n a q u e r ib e (2 R s 1 8 .3 2 -3 5 ), o rgu lh o q u e
d e forma traiçoeira recai sobre os altam ente
bem -sucedidos, v . 16-1 8 . C om o resposta, os
três amigos admitiram qu e não tinham defesa
1188
alguma; eles se confiaram totalm ente ao seu
D eu s. O s v. 17,18 são mais b em traduzidos
assim: “S e o nosso D eu s, a q u em servim os, é
capaz d e nos salvar, e le vai nos salvar [...]
mas se não, que seja con h ecid o a ti, ó rei...”,
respondendo à pergunta do rei do v. 15 (v. P.
W. C oxon, VT 26 (1976), p. 400-9). A fé e as
convicções dos três não permitiriam qu e prestassem
culto aos deuses da Babilônia n em que
adorassem a imagem de ouro, m esm o q u e o
seu D eu s não se d isp u sesse a intervir.
3 ) S a íd o s d a s c h a m a s (3 .1 9 -3 0 )
Provocação declarada, foi o que N a b u codonosor
con clu iu , e isso in ev ita v e lm e n te o
levou ao ápice d e sua fúria. Para demonstrar
o poder absoluto do tirano, o fogo foi atiçado
até o calor máximo; não deveria sobrar nem
v estíg io dos reb eld es in so len tes, n em m esm
o cin za s id e n tific á v e is. (Q u eim ar restos
h u m a n o s era a lg o r e p r e e n sív e l, A m 2 .1 .)
v . 2 1 . Os três foram amarrados p elos soldados
mais fortes com o uma parte da exibição
pública. E v id en tem en te, os am igos estavam
usando v estim en tas da corte; os term os são
obscuros, p rovavelm en te os três são persas,
v . 2 4 ,2 5 . N e m o tirano n em a sua fornalha se
mostraram tão fortes com o e le tinha pensado;
a esperança aparentem ente sem fu n d am en to
expressa p elo s três (v. 17) foi vindicada.
N abucodonosor pôde enxergar dentro da fornalha
através d e um a porta ou d e um respiradouro
lateral, ao p asso q u e os três haviam
sido lançados nela por m eio d e um a abertura
superior, e foi ali que o calor matou os guardas.
S o m e n te N ab u cod on osor viu o quarto
hom em , um d e forma claram ente sobrenatural.
As suas palavras se parece com um filho dos
deuses não revelam a form a em q u e se fe z
e ss e r e c o n h e c im e n to . S e o aram aico p o d e
ser c o n sid e r a d o e q u iv a le n te ao h eb ra ico
“filho(s) d e d eu s(es)”, esse era um m em bro
da corte celestial (Jó 1.6 etc.), com o afirma o
relato do rei (v. 28). P rovavelm en te não se
d e v e ver aqui um a aparição pré-encarnada
d e Cristo; o N T não faz essa tentativa d e id en tific
a ç ã o (c o n tr a ste Is 6.1 co m Jo 1 2 .4 1 ).
v . 2 6 . Deus Altíssimo-, essa é a percepção de Nabucodonosor de um poder pessoal m uito
superior a qualquer poder q u e e le ou os seus
d e u se s poderiam dem onstrar. Mesmo confessando
isso, e le con tin u ou politeísta, apeg
a n d o -se aos d e u se s q u e tin h a c o n h e c id o
d esd e a infância, em vez d e se devotar A quele
que acabara d e conhecer, v . 2 7 . A proteção
de D e u s se esten d eu a toda a roupa dos três e
até aos fios d e cabelo, testem unhando assim
do seu poder total e do controle sobre as forças
da natureza (contraste com o destin o dos
h o m en s do rei, v. 22). v . 2 8 ,2 9 . A fé e as
convicções que os três tão ten azm en te d efen deram
diante das am eaças do tirano receb e
um tributo do próprio tirano. A partir daí, a
religião d e le s era um a religião p erm itida e
protegida. A ssim , a fé e a confiança d e poucos
beneficiaram a m uitos.
 


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